EXPECTATIVAS

INCENTIVO A LEITURA!

domingo, 24 de maio de 2015

Dificuldades no Ensino Aprendizagem

PRÁTICAS E DIFICULDADES NO ENSINO APRENDIZAGEM.
                                                                                             

1 1.  INTRODUÇÃO

    A dificuldade de aprendizagem decorre de fatores intrínsecos e ambientais de construção do sujeito, bem como da desestabilização em virtude da adaptação ao que é novo. Perraudeau (pág. 116, 2009) analisa a aprendizagem sob o ponto de vista do construtivismo social, que compreende o aprender como uma fonte de dificuldades, pois apropriar-se do novo revela indicadores de erro em trabalhos orais, escritos ou motores.
Nos dias atuais, notam-se, que as Dificuldades de Aprendizagem (DA) têm sido um assunto muito debatido devido ao índice altíssimo de crianças que são encaminhadas para atendimentos especializados, reprovação e evasão do Ensino Fundamental I. Isto requer informações que partem da questão política até a escolha de estratégias educacionais nos Centros de Educação Infantil (CMEIs), passando também pela saúde pública, que necessita de maiores condições para realizar a sua missão e também pela discussão sobre a realidade da sociedade brasileira neste momento histórico.                                                               Para aprender, a criança nasce com um aparato biológico, uma estrutura interna herdada que vai se desenvolvendo a partir de diferentes aprendizagens. As interações constantes entre o sujeito e o meio, vão modificando suas estruturas internas e novas aprendizagens vão sendo realizados. Entretanto, se essas condições internas do sujeito da aprendizagem sofrem alterações advindas de transtornos físicos e biológicos ou emocionais, de síndromes, entre outras necessidades especiais, torna-se prioridade para a escola e para o professor repensarem a intervenção pedagógica.
            Muitas crianças aprendem menos que outras, mais lentamente que os outros, diferentemente dos padrões esperados; há os que, pelo menos aparentemente, nada aprendem; são os que fracassam na escola e á os que aprendem rapidamente que os demais e que rapidamente se desinteressam. Toda essa discussão são elementos que resultam em dificuldades de aprendizagem.
            Porém, o presente artigo tem por objetivo discutir uma proposta que apresente a dificuldade de aprendizagem como um estudo que abranja uma aproximação entre diferentes especialistas e profissionais como psicólogo e pedagogo na educação. Agregar esforços, buscando a prática reflexiva, a pesquisa e seriedade dos profissionais, tornando um desafio para educação.
            A criança com dificuldades de aprendizagem não tem que carregar um estigma que a exclua da escola e do direito de aprender. Entretanto, este artigo apontará que essas crianças com dificuldades de aprendizagens são pessoas que necessitam que a sociedade lhes assegure: respeito à sua individualidade; reconhecimento de suas possibilidades e competências para não deixá-las fracassarem. Partindo dessa problemática que faz necessário realizar essa pesquisa.
Portanto, serão utilizados autores como referência para embasamento deste trabalho, acerca das DAs, para que seja possível minimizar este assunto que para muitos profissionais da educação ainda requer aprofundamento, e devido a isso, não conseguem ajudar adequadamente as crianças com esse tipo de problema, sem falar na questão do papel do psicólogo na escola que ainda é pouco divulgado no contexto escolar, e também a falta do mesmo na maioria das escolas. Já que este trabalho tem a sua natureza uma pesquisa referencial bibliográfica.
Ressalta-se que, o número de crianças com DA aumentou muito nos últimos anos, no mundo inteiro. No entanto, para uma melhor compreensão, este artigo está fundamentado nos seguintes teóricos: Gómez; Correia; Andrada; Coelho, entre outros.

2.    JUSTIFICATIVA
A iniciativa da proposta deste projeto deve-se à experiência na Educação Básica onde observamos que há um número significativo de crianças nas Séries Iniciais da sua escolarização que apresentam muitas dificuldades de aprendizagem. São crianças que estão sentenciados ao fracasso antes mesmo que se esgotem todas as possibilidades didático-pedagógicas em alfabetizá-las, uma vez que não há uma sala psicopedagógico específica que atenda suas defasagens curriculares. Ao se propor o presente artigo, acreditamos que se pode contribuir de forma bastante significativa para a superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas por crianças que compõem uma parcela significativa da população e que não conseguem apreender as habilidades necessárias para o domínio da leitura, escrita e cálculos. No projeto se propõe operacionalizar uma prática pedagógica que reflita coletivamente sobre a proposta pedagógica nas escolas, sobre o planejamento das atividades educativas, sobre as estratégias e recursos de ensino-aprendizagem e de avaliação com um enfoque ao ensino e aprendizagem e avaliação visando garantir que todos os alunos aprendam.
Acreditamos que para a superação dos problemas de dificuldades na aprendizagem da criança, é necessário um planejamento que inclua atividades diversificadas e individuais, estudo constante, dedicação e muita competência, pois será necessário investigar as teorias de aprendizagem e colocá-las em prática, conhecendo também a história familiar do aluno que é o ponto fundamental desse trabalho.
De outra forma ao propormos esse estudo, vimos o quanto é importante a formação do profissional cidadão pois o projeto constitui-se numa grande oportunidade para os educadores comprometidos para desenvolver suas habilidades docente em uma população com características desafiadoras e assessoradas por uma equipe de trabalho disposta, motivada, ágil, criativa e competente.
Daí a nossa certeza que este artigo contará com o apoio de todos os professores, independente da disciplina que lecionem, pois a equipe docente tem plena consciência de que é possível minimizar essas dificuldades de aprendizagem na vida do aluno, e que o mesmo deve ter o domínio sobre a aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental.
3.    OBJETIVOS:
Espera-se oferecer às crianças, alvo do projeto, atividades diversificadas que minimizem o fracasso escolar melhorando sua autoestima por meio da oportunidade, para que possam construir sua práxis educativa no contexto desafiador do aluno com dificuldades de aprendizagem.
Também objetiva-se proporcionar situações de agir-refletir-agir compatíveis com os objetivos educacionais, metodologias e conteúdos programáticos das Séries Iniciais do Ensino Fundamental e o domínio por parte dos graduandos do conhecimento pedagógico e científico da aprendizagem da criança com dificuldades.
4.    METODOLOGIA:
A metodologia desenvolvida durante o período da pesquisa, partiu da observação da realidade de cada educando, uma vez que cada aluno é um caso específico e para buscar uma solução das dificuldades de aprendizagem, requer a escolha de estratégias e atividades pedagógicas que busquem dar sentido aos problemas revelados.
Reunião com os professores, para esclarecimentos sobre o projeto e pedido de sugestões; Iniciar o dia da leitura na escola, através de algumas ações de motivação sobre a importância da leitura.
Os alunos foram incentivados a trazerem material do seu interesse para leitura para sala de aula. Também os professores ofereceram aos alunos, gêneros de leitura variados, por exemplo: poesia, piada, contos, literatura infanto-juvenil, histórias em quadrinhos, artigos informativos, etc e/ou dirigir a aula de leitura a um tema específico.
Os alunos foram incentivados a produções textuais com o tema: “A Importância do Ato de Ler”.  Além disso, foram realizados momentos de palestras para os alunos, com Profissionais capacitados, visando uma maior conscientização sobre a importância da leitura.
Também confeccionaram ilustrações de frases para divulgar o projeto de leitura pelas dependências da Escola.
A equipe pedagógica fez o acompanhamento, avaliação e reorganização necessária, dos trabalhos.

5.    ABORDAGEM TEÓRICA

            Quando se fala em educação, aprendizagem escolar, o professor é o eixo principal, pode-se dizer que nele está o segredo do sucesso, ele não pode tudo, mas, pode muito. O educador muitas vezes sabe mais sobre seus alunos do que mesmo os pais, pedagogos, psicólogos. O mesmo tem mais conhecimento sobre a criança do que se imagina. É capaz de organizar estratégias de ação e reformulá-las em segundos, diante de uma turma de alunos. Muitas vezes se esquece de que o professor é um ser humano, e não um super-homem, com uma história de vida, concepções próprias, sentimentos, preconceitos, medos, etc., oriundos de sua experiência anterior. Faz-se necessário, observar as necessidades que o cotidiano coloca para os professores, as condições reais que delimitam a sua esfera de vida pessoal e profissional, para não correr o risco de ter uma visão limitada de ação docente.
            De acordo com Marques, a forma como o professor recebe alunos com deficiência depende das relações estabelecidas ao longo de sua vida pessoal, de sua formação profissional e de sua prática pedagógica, retratando o seu modo de ser e de agir, suas concepções. Contudo, mesmo quando suas práticas pedagógicas têm pressupostos de integração e de inclusão, elas vêm acompanhadas de concepções excludentes e segregacionistas.                                     
Diante do exposto, o papel do professor, hoje em dia, vai muito além de passar conteúdo da grade curricular, já que está trabalha em prol de preparar os alunos para a vida em sociedade. Essa parte é o que torna a atuação do professor mais complexa, pois além de ajudar a alfabetizar e formar bons cidadãos, o professor lida também direta e indiretamente com problemas sociais que os alunos trazem de fora da escola para dentro das salas de aula, principalmente problemas referentes ao âmbito familiar.                                                     
Para os professores manterem uma boa relação com os alunos este precisa conhecer seus alunos e a realidade em que está inserido, analisar quais atividades lhe despertam interesse e planejar suas ações em concordância com as habilidades e capacidades que identifica neles, isto requer dos professores atenção e paciência para falas, angústias, sentimentos, denúncias, que muitas vezes aparecem durante as aulas, ao ouvi-los, deve procurar reorganizar a relação professor/aluno.                     
            Sobre a ação do psicólogo na escola, este não deve prestar atenção apenas aos problemas dos alunos e dos professores em sala de aula, mas também buscar oferecer suporte de escuta para o professor enquanto pessoa, já que ele tem angústias relacionadas tanto à profissão como a fatores decorrentes do âmbito pessoal.                                                                         
            Quanto às angústias da vida particular do professor, é necessário que o psicólogo faça acompanhamentos em grupo e/ou individualizados para atender às necessidades decorrentes das angústias apresentadas pelos professores, estas influenciam na sua maneira de ensinar, na sua resistência com relação às frustrações e dificuldades vinculadas ao papel de profissional da educação. Não se deve esquecer que na atualidade é cada vez mais frequente os professores adoecerem física e mentalmente.                                                                                  Portanto, o papel do psicólogo é de: acompanhar, sugerir e buscar as melhores estratégias, métodos para resolver situações problemáticas apresentadas na escola e que possam ajudar os elementos que compõem o contexto escolar a identificar as causas e as possíveis intervenções que auxiliem na condução dos processos escolares, o que irá permitir um novo olhar sobre as demandas da escola, já que em muitos casos o principal problema está na forma com que enxergar os fatos.                                                    
            A interação entre professor e psicólogo escolar, é importante dizer que cada um precisa respeitar o papel do outro, considerar e valorizar o conhecimento que cada um construiu através das experiências vividas junto à escola e aos alunos. Esses profissionais obterão maior autonomia, respeito por seu trabalho e habilidades para resolver os problemas com que se depara no âmbito escolar se trabalharem de maneira integrada.
            Nesse contexto, Andrada afirma.

O psicólogo educacional precisa criar um espaço para escutar as demandas da escola e pensar maneiras de lidar com situações que são cotidianas. Precisa criar formas de reflexão dentro da escola, com todos os sujeitos (alunos, professores e especialistas) para que se possa trabalhar com suas relações e paradigmas.

            É de suma importância que o psicólogo e o professor estabeleçam uma relação de confiança e parceria no que diz respeito aos problemas de sala de aula, os quais analisarão para então elaborar as possíveis intervenções, já que o trabalho de ambos é essencial para que cheguem à solução dos problemas e necessidades encontradas. Os profissionais da educação, não devem apenas estar focados na realização de ações de intervenção, mas também devem elaborar propostas que tenham como objetivo prevenir os problemas que possam vir a acontecer no âmbito escolar.
            Já no que diz respeito ao papel do professor, hoje em dia, vai muito além de passar conteúdo da grade curricular, já que está trabalha em prol de preparar os alunos para a vida em sociedade. Essa parte é o que torna a atuação do professor mais complexa, pois além de ajudar a alfabetizar e formar bons cidadãos, o professor lida também direta e indiretamente com problemas sociais que os alunos trazem de fora da escola para dentro das salas de aula, principalmente problemas referentes ao âmbito familiar.
            Nessa concepção Freire menciona.
                                                        
                                 O meu bom senso que me adverte de que exercer minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo de minha parte. É minha autoridade cumprindo a seu dever.

            Sobre a ação do psicólogo na escola, este não deverá atenção apenas aos problemas dos educandos e dos educadores em sala de aula, mas também buscar oferecer suporte de escuta para o professor enquanto pessoa, já que ele tem angústias relacionadas tanto à profissão como a fatores decorrentes do âmbito pessoal.
            Quanto às angustias da vida particular do professor, é necessário que o psicólogo faça acompanhamentos em grupo e/ou individualizados para atender às necessidades decorrentes das angústias apresentadas pelos professores, estas influenciam na sua maneira de ensinar, na sua resistência com relação às frustrações e dificuldades vinculadas ao papel de profissional da educação. Não se deve esquecer que na atualidade é cada vez mais frequente os professores adoecerem física e mentalmente.
            Portanto, o papel do psicólogo é de: acompanhar, sugerir e buscar as melhores estratégias, métodos para resolver situações problemáticas apresentadas na escola e que possam ajudar os elementos que compõem o contexto escolar a identificar as causas e as possíveis intervenções que auxiliem na condução dos processos escolares, o que irá permitir um novo olhar sobre as demandas da escola, já que em muitos casos o principal problema está na forma com que enxergar os fatos. A interação entre professor e psicólogo escolar, é importante dizer que cada um precisa respeitar o papel do outro, considerar e valorizar o conhecimento que cada um construiu através das experiências vividas junto à escola e aos alunos. Esses profissionais obterão maior autonomia, respeito por seu trabalho e habilidades para resolver os problemas com que se depara no âmbito escolar se trabalharem de maneira integrada.

6.    CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Compreendendo que as dificuldades de Aprendizagem constituem um ciclo de desafios para a programação e atitudes do docente. As estratégias para cada caso em particular são muito específicas e, este trabalho abordou de maneira simplificada algumas estratégias, pois o objetivo algo é a reflexão de questões condutivas do professor, bem como padrões comportamentais evidenciados pessoais e de condutividade.
    O artigo deixa bem claro a importância de estabelecer as variáveis que determinam pontos estratégicos de avaliação do aluno, sendo que a análise de fatores internos, ambientais, de execução de tarefas e avaliação são fatores imprescindíveis para uma boa programação e seleção de trabalhos para o professor.
    O ideal é que escolas organizem ações de intervenção para os professores (cursos técnicos ou programas de aprendizado) e para os pais que não sabem o que fazer em caso de problemas ou como forma de estimular o ensino da aprendizagem para os filhos, como o Programa Progresint (programa para a estimulação das habilidades da inteligência) ou o Programa para o desenvolvimento de estratégias básicas de Aprendizagem de Molina.
    Não é possível conceber uma educação progressista se houver negligências de ambos os lados, da escola e dos pais. Abordagens interativas e o reconhecimento da necessidade de intervenção são fundamentais para o desenvolvimento da criança, bem como para o conhecimento e desenvolvimento dos profissionais da Educação. É preciso estar sempre atento para o reconhecimento das causas, pois há fatores perceptíveis, e há outros não-perceptíveis, que sugerem observação e pesquisa, assim como sugerem um envolvimento maior com pais e superiores.
7.    REFERÊNCIAS
ANDRADA, E. G. C. Novos Paradigmas na Prática do Psicólogo Escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, n. 2, maio/ago. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n2/27470.pdf>. Acesso em: 10 maio de 2015.

CORREIA, L. de M.; MARTINS, A. P. Dificuldade de Aprendizagem: Que são? Como entendê-las? Rio de Janeiro: Porto, 2005. (Biblioteca Digital).


FONSECA, V. da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia; saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GÓMEZ, Ana Maria Salgado. Dificuldades na aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. São Paulo: Vozes, 2010.












sexta-feira, 1 de maio de 2015

HOMENAGEM AO TRABALHADOR























Dia do Trabalho

Nesse dia o mundo deveria dar mais valor A você que cedo levanta trabalhador. Você! Que muitas vezes trabalha sem comida Você! Que trabalha toda uma vida Mas nesse dia do Trabalhador continua sem valor! É quem constrói a Nação Mas é quem menos tem a receber É quem dá tudo de si em troca de nada Trabalhador que planta tem que colher Mas trabalhador é classe, e esta é abandonada; Neste seu dia, comemora-se no mundo inteiro. Mas o mundo não conhece quem trabalha, Quem passa uma vida fazendo tudo direito! Mas esse é trabalhador verdadeiro, Aquele que tudo faz calado, não espalha; Ah! Trabalhador! Sem casa, sem comida sem saúde! Trabalhador desempregado, desnutrido amiúde Vai trabalhar, que canta, que ri e que chora Vai comemorar o que nessa hora? De globalização, de guerra, de desemprego; Trabalhar onde? Foge da seca e no desapego Até da família esquece, vai longe trabalhar Na esperança de um dia tudo melhorar...
(INTERNET)


Clique aqui e escolha a sua no Site TonyGifsJavas.com.br

Deus nos concede o privilégio de trabalhar, a fim de agir por nós mesmos, e para que tenhamos a bênção de substituir aqueles que ainda não entendem a felicidade de trabalhar.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

ORIGENS DOS NEGROS DO BRASIL


  








As origens dos negros do Brasil


Entre os séculos 16 e 19, cerca de quatro milhões de homens, mulheres e crianças africanas desembarcaram no Brasil como escravos. Mas de que regiões eles vinham? Conheça as partes da África de onde eram traficados e as atividades econômicas atuais desses países.

Registro de família de escravos. Milhares vieram ao Brasil durante a escravidão | Crédito: Wikicommons

A reportagem DNA identifica origem de escravos trazidos à América (VEJA Edição Digital, 10 de março de 2015) traz a informação de que os cativos enterrados há mais de 300 anos na ilha holandesa de St. Martin, no Caribe, teriam vindo de uma região que hoje engloba Camarões, Gana e Nigéria. A descoberta foi feita a partir do estudo dos esqueletos de dois homens e uma mulher encontrados em 2010 na ilha. E no Brasil, o país americano que mais escravos africanos importou entre os séculos 16 e 19? De que regiões veio essa população - em torno de quatro milhões de homens, mulheres e crianças, o equivalente a mais de um terço do volume total do comércio mundial de africanos no período?

Uma pesquisa liderada pelo médico geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisou os genes de um grupo de negros em São Paulo e apontou que 44,5% tinham uma ancestral no Centro-Oeste da África, outros 43%, na região Oeste, e o restante (12,3%), no Sudeste. Caso não tenha sofrido mutação, o DNA mitocondrial de quem viveu há centenas ou milhares de anos é idêntico ao de um descendente. Por isso, ele é chamado de marcador de linhagem. Apesar de ter sido feito em um grupo em São Paulo, o estudo pode ser considerado uma referência para o que ocorreu no resto do Brasil, já que a cidade foi e é até hoje um pólo de migração interna no país.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado por João José Reis, professor de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as regiões Centro-Oeste, Oeste e Sudeste da África contribuíram em graus variados de intensidade, dependendo do período considerado e das conexões comerciais mantidas pelos traficantes portugueses, brasileiros e africanos dos dois lados do Atlântico. Assim, os portos do Brasil podiam, por vezes, e em certos períodos, se especializar em determinadas direções do fluxo do comércio de pessoas.
Durante os séculos 16, 17 e a primeira metade do século 18, os chefes políticos e mercadores da África Centro-ocidental, em particular o território presentemente ocupado por Angola, forneceram a maior parte dos escravos utilizados em todas as regiões da América portuguesa. Na época, Portugal dominava a Feitoria de Luanda - hoje capital - e Benguela, ao sul - hoje uma província angolana. Essa região aos poucos se consolidou sob o nome de Angola. Em 1975, o país conquistou sua independência. As etnias dominantes eram os ovimbundos e ambundos. Enquanto durou o tráfico transatlântico, importantes áreas importadoras, como o Rio de Janeiro, Recife e São Paulo continuaram se abastecendo sobretudo de escravos vindos dali e, mais tarde, no fim do século 18 e começo do século 19, da costa leste africana, particularmente a área hoje ocupada porMoçambique. Desde o início do século 15, os portugueses controlavam a área - situada na atual província de Nampula, no norte. As etnias que dominavam  eram os macuas, os nhanjas e os tongas.

Os traficantes envolvidos no comércio baiano, por outro lado, a partir de meados do século 17, foram se especializando cada vez mais no Golfo do Benin (sudoeste da atual Nigéria). O fluxo atravessou a proibição do comércio de negros e continuou ilegalmente. Os portugueses haviam ali estabelecido a feitoria de Benin. O nome Nigéria - que tem relação com Delta do Rio Níger, que desemboca no sul, a sudeste do Golfo da Guiné, viria com a colonização britânica (Nigéria é a fusão das palavras Niger e area, área em inglês). A influência britânica começou justamente com o fim do tráfico, que impôs o declínio econômico dos edo, etnia predominante no local. O país passou a ter a configuração territorial próxima à atual em 1914, quando a Coroa Britânica fundiu os protetorados do Norte e do Sul, formando a colônia da Nigéria.


Diante desse histórico de relações comerciais, vale estimular a reflexão dos alunos sobre os atuais vínculos entre o Brasil e esses países africanos. Nos últimos 10 anos, a presença brasileira no continente aumentou, com a abertura de 23 novas embaixadas, totalizando 39 representações brasileiras na África. A implantação delas pode ser interpretada como uma tentativa de aprofundar laços políticos, empresariais e educacionais. Além disso, o Brasil desenvolve projetos de cooperação técnica em 40 nações do continente.

Saiba mais sobre as regiões com as quais o Brasil manteve contato comercial no período do tráfico negreiro e veja como nos relacionamos com eles hoje.

Angola
É rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo e minério de ferro. O porto da capital, Luanda, que era uma das mais importantes portas de saída de escravos para o Brasil, hoje tem como principal atividade a exportação de café, algodão, açúcar e minerais. Graças à facilidade do idioma em comum - o português - e as boas relações políticas, intensificadas a partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Angola se tornou um dos principais parceiros comerciais do Brasil no continente africano, principalmente na área de construção civil. Empresas brasileiras foram responsáveis pela reconstrução do país após o fim do conflito armado, em 2002. Contudo, os investimentos têm sido duramente criticados pelas sociedades civis das duas nações por reproduzir modelos e práticas econômicas que negligenciam questões ambientais e a garantia de direitos trabalhistas.

Nigéria
A Nigéria é classificada como uma economia mista e um mercado emergente. É a 12º maior produtora e a oitava maior exportadora de petróleo do mundo, além de ter uma das 10 maiores reservas do recurso fóssil. Além dele, o território nigeriano também tem uma grande variedade de recursos minerais - embora essa riqueza natural ainda seja subexplorada. Do Golfo do Benin, no sul, partiam as embarcações negreiras em direção ao Brasil. Hoje, lá está localizado o porto de Lagos, maior cidade do país. É 0 principal da Nigéria e um dos maiores e mais movimentados da África. De lá são exportadas quantidades crescentes de petróleo cru - inclusive para o Brasil. É a nossa maior fornecedora de óleo bruto de petróleo, seguido de gás natural. Os principais produtos brasileiros exportados para a Nigéria são açúcar, arroz e etanol.

Moçambique
Tem uma economia baseada principalmente na agricultura - sendo que boa parte dela é de subsistência. Algodão, cana-de-açúcar, castanha de caju, polpa do coco e mandioca são os produtos mais fortes. O porto de Quelimane, no passado um importante centro do tráfico negreiro para o Brasil no leste africano, tem como principais funções hoje o escoamento dos produtos agrícolas e a pesca marítima. Privilegiado pela facilidade do idioma - assim como a Angola, Moçambique tem como idioma oficial o português -, o Brasil tem investimentos no país, especialmente na área de mineração de carvão.

Fontes: IBGE e Rosemberg Ferracini, professor associado dos Centros Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (CEA/USP)

Clique aqui para mais Glitters Gifs Animados